Introdução
Portar-se bem nas refeições faz
parte da autopromoção da sua imagem e demonstra o quanto você se importa em
fazer uma boa presença à sua companhia na hora de sentar-se à mesa. Além disso,
em ocasiões como encontros profissionais e de negócios, seguir a etiqueta à
mesa é também uma forma de expressar profissionalismo, respeito e segurança.
Para ter boas-maneiras à mesa não
basta apenas usar de “bom senso”, como muitos pensam. Por exemplo, o bom senso
lhe dirá que não se toma o pratinho de pão do conviva que está ao seu lado.
Mas, para não fazer isto, é necessário que você conheça a regra de Etiqueta que
diz qual é o pratinho que lhe pertence. Engana-se quem pensar que é o do lado
direito “porque você come com a mão direita”.
Vamos tentar perceber juntos o
que significam as termos “comensal e
conviva” que são palavras para designar aquele que está à mesa de refeição.
O Dicionário do Aurélio diz que comensal (do latim “comensale”) – significa cada um daqueles que comem juntos e conviva
(do latim “conviva”) – designa a
pessoa que toma parte, como convidada em banquete, almoço, jantar, etc.
1.
Aparelhamento
da mesa de refeições
O aparelhamento da mesa de
refeições consiste em cobri-la com um forro protector e equipá-la com os
utensílios para o tipo de serviço escolhido. Estes utensílios são basicamente
travessas, pratos e talheres, copos e taças, etc.
A decoração da mesa pode ser
considerada também parte do seu aparelhamento:
ü Toalha
que cobre a mesa: tem a função decorativa somada a de proteger o imóvel do
calor dos pratos, arranhões eventualmente causados por talheres e outros
acessórios de mesa.
ü Flores:
não podem exalar perfume ou cheiros fortes, e devem ser baixas, de modo a não
impedir o contacto visual entre os convidados e disposta de modo a não
dificultar o serviço.
ü A
decoração com velas acesas somente a noite.
ü A louça:
se o prato é decorado com um motivo central que tem topo e base (ex.: uma
paisagem), esse motivo deve ficar horizontal , a base voltada para o convidado,
se for um emblema este fica direccionado para o centro da mesa e se for um
motivo apenas (ex.: um raminho) fica na posição 2 horas.
ü Deve-se
deixar um espaço mínimo de 80 centímetros entre os pratos.
2.
Lugares
à mesa
Durante uma refeição poderão
surgir várias oportunidades para os homens demonstrarem atenção e deferência
com as senhoras presentes. Uma delas está no momento de tomar assento à mesa,
quando devem auxiliar as senhoras a sentar-se, afastando a cadeira para lhes
dar espaço e depois ajudando-as a encontrar a posição mais cômoda à borda da
mesa. Como o anfitrião prestará essa gentileza à convidada de honra à sua
direita, o homem que está no assento seguinte também auxiliará a senhora à sua
direita, e o mesmo farão os demais.
Pela sua complexidade, a
disposição dos lugares à mesa é um dos principais problemas do cerimonial
oficial ou privado. Em sua solução estão três disciplinas: Etiqueta, Protocolo
e Boas-maneiras e, indirectamente, também a História.
A Etiqueta faz a qualificação da
posição dos assentos. Diz, por exemplo, que as cabeceiras da mesa devido
facilitarem a vista de todo o salão, por estarem no meio de um número igual de
assentos de um e outro lado; e por contarem com espaço mais amplo e melhores
condições para serem servidas, e um maior número de interlocutores, são os
lugares mais importantes ou mais valiosos. A partir destes qualifica os demais
assentos em ordem decrescente de importância.
Somente o dono da casa (o
anfitrião) ou a dona da casa (a anfitriã) ocupam as cabeceiras da mesa (na
disposição à inglesa) ou o centro (na disposição francesa). Por uma deferência
segundo os seus sentimentos, o anfitrião poderá, se assim desejar, ceder seu
lugar (a cabeceira da mesa, no sistema inglês, ou no centro da mesa no sistema
francês) a um convidado que ele queira reconhecer de modo especial, e ele
próprio ocupar o lugar que estaria destinado ao convidado de honra. Este poderá
aceitar ou não a deferência, mas a troca jamais será uma obrigação do
anfitrião.
É regra também da etiqueta que os
assentos sejam alternadamente para homens e para mulheres, evitando-se um homem
sentado ao lado de outro, ou uma mulher ao lado da outra, e também que um homem
seja colocado frente a uma mulher. Os casais não devem ficar lado a lado nem
frente a frente. Essa regra só é quebrada quando o grupo não corresponde
idealmente a um número de casais completos.
Devido a essa alternância na
ocupação dos assentos, o anfitrião terá uma mulher à sua direita e outra à sua
esquerda e a anfitriã terá um homem de cada lado. Ambos devem colocar à sua
direita o convidado ou convidada mais importante, e à sua esquerda o convidado
ou a convidada que sejam os segundos em importância.
M2
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H4
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M3
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H1
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H3
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M1
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Ah
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M2
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H4
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Ah
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Am
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H3
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H2
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M4
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H2
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Am
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H1
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M3
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Presidência americana
Presidência francesa
Ah – Anfitrião (homem); Am
– Anfitriã (mulher); H
– Homem; M – Mulher
3.
Posição
à mesa
As cadeiras à mesa do jantar já
facilitam a postura certa para a pessoa sentar-se à mesa: elas têm encosto
recto, e assento curto. O comensal deve-se sentar com a cabeça e o tronco em
posição quase vertical, sem excessiva rigidez porém evitando sentar-se com as
costas curvadas, e inclinar-se sobre o prato.
Deve descansar os pés sobre o
piso, sem apoiá-los nas travas frontal ou laterais da cadeira. Pôr uma perna
sobre a outra, e jamais afastar a cadeira para cruzar as pernas colocando o
tornozelo de uma sobre o joelho da outra, ou balançar a cadeira inclinando-a
para trás.
4.
Presidência da mesa
Quem preside a mesa são os
anfitriões. Não havendo outros motivos de precedência deve dar-se à precedência
à mesa:
Þ Ao
senhor ou senhora mais idoso(a);
Þ À
senhora casada (sobre uma solteira ou divorciada);
Þ À
senhora divorciada (sobre a solteira);
Þ Os
parentes dos anfitriões dão precedência aos convidados.
5.
Inicio da
refeição
Quando o empregado encarregado de
supervisionar o jantar avisa que a mesa está posta, esta informação é para a
anfitriã. Os convidados esperam o convite que ela fará para que se dirijam à
mesa. Forma-se naturalmente um cortejo em que ela passa à frente acompanhada do
convidado de honra, e seu marido, como anfitrião, acompanhada da convidada de
honra. Os demais seguem pela ordem de precedência segundo um protocolo nas
recepções formais, ou pelo simples reconhecimento das pessoas mais importantes,
ou de mais idade e por fim os mais jovens.
Ao sentar-se à mesa no lugar que
lhe for indicado, o convidado pode logo tirar o guardanapo do prato e colocá-lo
em posição, mas não pode começar a se servir antes do anfitrião ou da anfitriã,
e antes que os convidados estejam em boa parte já servidos. Em uma mesa de
menos de 10 pessoas, espera até que todos estejam servidos para começar a comer
e quando tratar-se de longas mesas com várias dezenas de convivas, espera que
perto de 10 estejam servidos para começar.
6.
Uso dos
talheres
Os talheres e suas formas de uso
são os pontos que mais confundem as pessoas quando se deparam com um jantar ou
almoço formal. Ao ver o grande número de
talheres colocados na mesa junto ao prato, a pessoa pode recear se confundir.
Mas há uma regra geral bem simples. O talher a ser usado é o que está mais
afastado do prato. Alguns talheres poderão ser retirados pelo garçom ou
substituidos por outro de modelo diferente, e isto dependerá do prato escolhido
para a refeição. Apesar dessa regra simples, é conveniente a pessoa procurar
conhecer os vários tipos de talheres e a quais pratos seu uso se relaciona, a
fim de proceder com mais desembaraço.
Ao usar a colher para tomar sopa
ou um caldo, o comensal a movimenta na direcção do centro da mesa, no sentido
da borda do prato mais afastada, e não puxando-a para si. Toca com os lábios a
lateral da colher, sem colocá-la inteiramente na boca. Evita aspirar
ruidosamente o caldo.
Ao cortar, deve-se fazer com a
faca um movimento de vai e vem e não forçar o corte vertical, para que a faca
não colida ruidosamente com o fundo do prato.
Conheça agora as duas formas
vigentes de regras de etiqueta à mesa:
a)
Etiqueta à mesa americana
As regras americanas são as mais
modernas e, também, mais usadas.
O garfo é usado na mão direita,
enquanto a faca descança na parte superior do prato, com a serra voltada para
dentro. Na hora de usar a faca, troca-se de mão: o garfo vai para a mão
esquerda e a faca é usada com a mão direita. Após isso, volta-se para a posição
inicial: faca descansando, garfo na mão direita.
Na hora de descansar os talheres
no prato, a faca fica na parte superior e o garfo pode ficar tanto na direita,
quanto na esquerda (depende apenas se você é canhoto ou destro). Os dentes
podem ficar virados para cima.
b)
Etiqueta à mesa europeia
O estilo europeu de etiqueta é o
mais sóbrio e tradicional.
Nele, durante todo o tempo o
garfo fica na mão esquerda e a faca na mão direita. O garfo é sempre usado com
os dentes para baixo. No modo europeu é permitido usar a faca para colocar a
comida no garfo, porém, somente apenas na parte traseira dele.
Para descansar os talheres no
prato, o garfo fica do lado esquerdo e a faca do lado direito, podendo tocar-se
ou não.
7.
Durante
a refeição
A forma como uma pessoa se
comporta à mesa é um teste infalível às suas boas maneiras. Seja seguindo um
estilo ou outro, algumas regras são universais, por isso quando se sentar à
mesa, leve em linha de conta as indicações que seguem: Ao fim da refeição o
guardanapo deve ser colocado do lado direito do prato (antes do uso ele se
achava à esquerda) dobrado casualmente e não caprichosamente, como se fosse
para novo uso;
ü O
primeiro gesto, depois de sentar-se à mesa é tomar o guardanapo e estendê-lo no
colo, de uma perna à outra;
ü Não se
inclina nem se gira o prato, procurando posição para comer ou para se servir;
ü Comece a
usar os talheres de fora para dentro;
ü O prato
deve ser mantido na posição em que é colocado diante do comensal, apenas as
taças podem ser movidas;
ü Não se
inclina o prato de sopa para tomar o que resta;
ü Não se
mistura a comida do prato, recolhe-se com o garfo porções dos vários
ingredientes, sem misturá-los previamente;
ü Não fale
com a boca cheia. Mas pode ir comendo enquanto falam consigo;
ü E, por
favor, mastigue com a boca fechada e não mastigar ruidosamente;
ü De forma
alguma gesticule com os talheres em mãos. Sempre que for a falar, coloque-os
apoiados no prato;
ü À mesa,
procura-se conversar tanto com o seu vizinho da esquerda quanto da direita e
com os convivas à sua frente;
ü Não falar
alto nem com entusiasmo ou optimismo excessivos;
ü Não se
faz comentário negativo sobre a comida ou o vinho servidos, nem comparações
desfavoráveis entre o que é servido e o que se saboreou em outras ocasiões,
mesmo que à mesma mesa;
ü As facas
de carne são utilizadas apenas para carnes vermelhas e aves. Os peixes têm a
sua faca própria, que normalmente é usada apenas para afastar peles e espinhas
que possam aparecer. Omeletes, legumes e outros alimentos devem ser cortados
com o garfo;
ü Massas
como esparguetes e talharins não devem ser cortados. Enrole alguns poucos fios
no garfo e leve à boca;
ü Na hora
de tomar uma sopa, leve a colher à boca pela lateral. Incline-se um pouco para
frente e evite que gotas caiam sobre a sua roupa;
ü Ao
utilizar a faca e o garfo para cortar, mantenha os cotovelos junto ao corpo para
evitar tocar o vizinho de mesa;
ü A pessoa
deve manter os talheres na mão: garçons inexperientes costumam retirar o prato
de quem descansa os talheres enquanto fala;
ü Não
ponha os cotovelos sobre a mesa. É aceitável, apenas, que coloque as mãos e os
punhos sobre a mesa;
ü O pão
não é posto no prato de comer, ele é colocado no pratinho de pão, se houver, ou
directamente sobre o forro da mesa;
ü O pão é
partido e levado à boca com as mãos, não se corta o pão com a faca;
ü Quando
tiver que passar alguma coisa a alguém, faça-o pela direita;
ü Evita-se
o mais possível tossir ou assoar o nariz estando-se à mesa. Se tiver
absolutamente de-se assoar, faça-o numa direcção em que não haja nenhuma pessoa
ou então desculpe-se e vá assoar-se num local afastado;
ü Não é de
bom tom recusar o que é servido, mesmo que se trate de um alimento de que não
goste. Deixe que o sirvam ou sirva-se em pouca quantidade, coma algumas
colheradas ou garfadas e pouse os talheres com naturalidade, continuando a
participar na conversa;
ü Se
encontrar na comida alguma coisa que não devesse lá estar (um cabelo, por
exemplo), use da maior diplomacia. Se estiver num restaurante, pode pedir ao
empregado, discretamente, que lhe substitua o prato. E pode sempre, optar por
pausar os talheres e não comer mais. É preciso fazer isso a criar uma situação
embaraçosa;
ü Nunca
palite os dentes à mesa. Se tiver absolutamente de o fazer, desculpe-se,
levante-se faça-o nos lavabos;
ü Mantém-se
os lábios limpos, usando com frequência o guardanapo, principalmente antes de
levar aos lábios uma xícara ou um copo, para não deixar marcas em suas bordas;
ü Não se
toca nos cabelos, ou se faz qualquer retoque de maquiagem à mesa, ainda que a
refeição esteja terminada;
ü Depois
de serem colocados em uso, os talheres não devem mais ser encostados na mesa,
apenas apoiados dentro do prato conforme o estilo de etiqueta a ser usado
(europeu ou americano);
ü Para
sinalizar ao garçom que você está satisfeito, coloque o garfo e a faca
alinhados no prato, sendo o garfo ao lado esquerdo ou abaixo da faca.
ü Os
talheres que não forem usados continuam na mesa intocados;
ü Para
levantar-se da mesa antes do anfitrião, é necessário se desculpar, sem
necessidade de dizer, por exemplo, que necessita ir ao banheiro.
8.
Remoção
de resíduos
Está obviamente despreparada para
comer em companhia de pessoas aquela que mete o dedo na boca para limpar entre
os dentes com a unha, limpa o nariz no guardanapo ou a boca no forro da mesa, e
comete outras imprudências repulsivas à mesa.
Não se pega indiscriminadamente
com os dedos nem se cospe no guardanapo partes não comestíveis do que foi
levado à boca. A regra geral é: do mesmo modo que se levou um alimento à boca,
é retirada da boca qualquer sobra dele que seja necessário remover.
Se uma fruta é comida com as
mãos, sem uso de talher, então o caroço dessa fruta, ou qualquer parte
indesejável que tenha que ser retirada da boca, será apanhada com os dedos.
O que se leva à boca com um garfo
(por exemplo, a carne), retira-se (por exemplo, um pedaço de nervo ou de
cartilagem) passando da boca ao garfo e deste a um canto do prato; se há o que
retirar da boca que foi levado com a colher, retira-se passando para a colher.
Em qualquer desses casos busca-se proteger o gesto fazendo-se concha com a
outra mão. A espinha de peixe é uma excepção:
pode ser apanhada entre os lábios com a mão. O caroço, a cartilagem,
casca, etc., retirados da boca são deixados em um canto do prato em que se
come, e não no pratinho de pão.
Em caso de necessitar remover
algo preso aos dentes, espere a oportunidade de ir até o banheiro para cuidar
disso. Não se palita os dentes à mesa, nem se sai do restaurante com um palito
nos lábios.
9.
Vestimenta
e outros objectos
A roupa que a pessoa está usando
deve ser apropriada para o evento de que participa. Nunca se usa boné, chapeu
ou camiseta sem mangas à mesa de refeição.
Mesmo em um quiosque ou na praia
a pessoa que tem um mínimo de consideração com seus amigos coloca uma blusa ou
camisa leve para uma refeição à mesa. O mesmo vale para a refeição com a
família, no recesso do lar.
O comensal nunca deve colocar o
talher que usa, ou que usou, sobre a toalha da mesa. Não coloca sobre a mesa
seu telefone celular ou sua agenda, chaves, etc. E os telefones celulares devem
ser desligados e religados somente após a pessoa deixar a mesa.
Nunca uses luvas à mesa, salvo
por alguma razão particular especial.
10. Deixar a mesa
Ao final da refeição, aguarda-se
que o anfitrião ou a anfitriã convide para deixar a mesa. Ele poderá fazê-lo
convidando para o café e licores no mesmo local onde recebeu os convidados e de
onde eles deverão se dispedir e partir: a sala de estar.
O convidado pode agradecer ao
garçom quando é servido, mas não pode fazer qualquer observação, nem mesmo
elogiosa, directamente a ele, ou lhe agradecer pela comida saborosa, porque
isto é desconsideração para com o anfitrião. Tudo de prazeiroso no encontro o
convidado deve primeiro agradecer a quem o convidou.
Não se pede para levar consigo um
pouco do que sobrou de um jantar ou almoço, ou um pratinho de doces, ou pedaço
de bolo. Este comportamento mostra necessidade económica e, embora a comparação
possa parecer muito rude, é um papel de esmoler.
As sobras de uma festa, para que
não haja desperdício, a anfitriã pode oferecer apenas a parentes ou convidados
íntimos, que sejam dos últimos a sair. São os mesmos que ela poderia convidar
para uma refeição no dia seguinte, com a mesma finalidade.
Após participar de um jantar ou
festa a que foi convidado, sempre envie no dia seguinte uma mensagem de
agradecimento ou telefone para comentar e cumprimentar a anfitriã pelo que você
puder elogiar do evento.
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