quinta-feira, 12 de maio de 2016

Introdução
Portar-se bem nas refeições faz parte da autopromoção da sua imagem e demonstra o quanto você se importa em fazer uma boa presença à sua companhia na hora de sentar-se à mesa. Além disso, em ocasiões como encontros profissionais e de negócios, seguir a etiqueta à mesa é também uma forma de expressar profissionalismo, respeito e segurança.
Para ter boas-maneiras à mesa não basta apenas usar de “bom senso”, como muitos pensam. Por exemplo, o bom senso lhe dirá que não se toma o pratinho de pão do conviva que está ao seu lado. Mas, para não fazer isto, é necessário que você conheça a regra de Etiqueta que diz qual é o pratinho que lhe pertence. Engana-se quem pensar que é o do lado direito “porque você come com a mão direita”.
Vamos tentar perceber juntos o que significam as termos “comensal e conviva” que são palavras para designar aquele que está à mesa de refeição. O Dicionário do Aurélio diz que comensal (do latim “comensale”) – significa cada um daqueles que comem juntos e conviva (do latim “conviva”) – designa a pessoa que toma parte, como convidada em banquete, almoço, jantar, etc.

1.      Aparelhamento da mesa de refeições
O aparelhamento da mesa de refeições consiste em cobri-la com um forro protector e equipá-la com os utensílios para o tipo de serviço escolhido. Estes utensílios são basicamente travessas, pratos e talheres, copos e taças, etc.
A decoração da mesa pode ser considerada também parte do seu aparelhamento:
ü  Toalha que cobre a mesa: tem a função decorativa somada a de proteger o imóvel do calor dos pratos, arranhões eventualmente causados por talheres e outros acessórios de mesa.
ü  Flores: não podem exalar perfume ou cheiros fortes, e devem ser baixas, de modo a não impedir o contacto visual entre os convidados e disposta de modo a não dificultar o serviço.
ü  A decoração com velas acesas somente a noite.
ü  A louça: se o prato é decorado com um motivo central que tem topo e base (ex.: uma paisagem), esse motivo deve ficar horizontal , a base voltada para o convidado, se for um emblema este fica direccionado para o centro da mesa e se for um motivo apenas (ex.: um raminho) fica na posição 2 horas.
ü  Deve-se deixar um espaço mínimo de 80 centímetros entre os pratos.


2.      Lugares à mesa
Durante uma refeição poderão surgir várias oportunidades para os homens demonstrarem atenção e deferência com as senhoras presentes. Uma delas está no momento de tomar assento à mesa, quando devem auxiliar as senhoras a sentar-se, afastando a cadeira para lhes dar espaço e depois ajudando-as a encontrar a posição mais cômoda à borda da mesa. Como o anfitrião prestará essa gentileza à convidada de honra à sua direita, o homem que está no assento seguinte também auxiliará a senhora à sua direita, e o mesmo farão os demais.
Pela sua complexidade, a disposição dos lugares à mesa é um dos principais problemas do cerimonial oficial ou privado. Em sua solução estão três disciplinas: Etiqueta, Protocolo e Boas-maneiras e, indirectamente, também a História.
A Etiqueta faz a qualificação da posição dos assentos. Diz, por exemplo, que as cabeceiras da mesa devido facilitarem a vista de todo o salão, por estarem no meio de um número igual de assentos de um e outro lado; e por contarem com espaço mais amplo e melhores condições para serem servidas, e um maior número de interlocutores, são os lugares mais importantes ou mais valiosos. A partir destes qualifica os demais assentos em ordem decrescente de importância.
Somente o dono da casa (o anfitrião) ou a dona da casa (a anfitriã) ocupam as cabeceiras da mesa (na disposição à inglesa) ou o centro (na disposição francesa). Por uma deferência segundo os seus sentimentos, o anfitrião poderá, se assim desejar, ceder seu lugar (a cabeceira da mesa, no sistema inglês, ou no centro da mesa no sistema francês) a um convidado que ele queira reconhecer de modo especial, e ele próprio ocupar o lugar que estaria destinado ao convidado de honra. Este poderá aceitar ou não a deferência, mas a troca jamais será uma obrigação do anfitrião.
É regra também da etiqueta que os assentos sejam alternadamente para homens e para mulheres, evitando-se um homem sentado ao lado de outro, ou uma mulher ao lado da outra, e também que um homem seja colocado frente a uma mulher. Os casais não devem ficar lado a lado nem frente a frente. Essa regra só é quebrada quando o grupo não corresponde idealmente a um número de casais completos.
Devido a essa alternância na ocupação dos assentos, o anfitrião terá uma mulher à sua direita e outra à sua esquerda e a anfitriã terá um homem de cada lado. Ambos devem colocar à sua direita o convidado ou convidada mais importante, e à sua esquerda o convidado ou a convidada que sejam os segundos em importância.


M2

H4

M3

H1

H3

M1

Ah

M2

H4












Ah
Am



M1

H3

M4

H2

M4

H2

Am

H1

M3
               
                    Presidência americana                                                            Presidência francesa
Ah – Anfitrião (homem);        Am – Anfitriã (mulher);        H – Homem;        M – Mulher

3.      Posição à mesa
As cadeiras à mesa do jantar já facilitam a postura certa para a pessoa sentar­-se à mesa: elas têm encosto recto, e assento curto. O comensal deve-se sentar com a cabeça e o tronco em posição quase vertical, sem excessiva rigidez porém evitando sentar-se com as costas curvadas, e inclinar-se sobre o prato.
Deve descansar os pés sobre o piso, sem apoiá-los nas travas frontal ou laterais da cadeira. Pôr uma perna sobre a outra, e jamais afastar a cadeira para cruzar as pernas colocando o tornozelo de uma sobre o joelho da outra, ou balançar a cadeira inclinando-a para trás.

4.      Presidência da mesa

Quem preside a mesa são os anfitriões. Não havendo outros motivos de precedência deve dar-se à precedência à mesa:
Þ    Ao senhor ou senhora mais idoso(a);
Þ    À senhora casada (sobre uma solteira ou divorciada);
Þ    À senhora divorciada (sobre a solteira);
Þ    Os parentes dos anfitriões dão precedência aos convidados.


5.      Inicio da refeição
Quando o empregado encarregado de supervisionar o jantar avisa que a mesa está posta, esta informação é para a anfitriã. Os convidados esperam o convite que ela fará para que se dirijam à mesa. Forma-se naturalmente um cortejo em que ela passa à frente acompanhada do convidado de honra, e seu marido, como anfitrião, acompanhada da convidada de honra. Os demais seguem pela ordem de precedência segundo um protocolo nas recepções formais, ou pelo simples reconhecimento das pessoas mais importantes, ou de mais idade e por fim os mais jovens.
Ao sentar-se à mesa no lugar que lhe for indicado, o convidado pode logo tirar o guardanapo do prato e colocá-lo em posição, mas não pode começar a se servir antes do anfitrião ou da anfitriã, e antes que os convidados estejam em boa parte já servidos. Em uma mesa de menos de 10 pessoas, espera até que todos estejam servidos para começar a comer e quando tratar-se de longas mesas com várias dezenas de convivas, espera que perto de 10 estejam servidos para começar.

6.      Uso dos talheres
Os talheres e suas formas de uso são os pontos que mais confundem as pessoas quando se deparam com um jantar ou almoço formal. Ao  ver o grande número de talheres colocados na mesa junto ao prato, a pessoa pode recear se confundir. Mas há uma regra geral bem simples. O talher a ser usado é o que está mais afastado do prato. Alguns talheres poderão ser retirados pelo garçom ou substituidos por outro de modelo diferente, e isto dependerá do prato escolhido para a refeição. Apesar dessa regra simples, é conveniente a pessoa procurar conhecer os vários tipos de talheres e a quais pratos seu uso se relaciona, a fim de proceder com mais desembaraço.
Ao usar a colher para tomar sopa ou um caldo, o comensal a movimenta na direcção do centro da mesa, no sentido da borda do prato mais afastada, e não puxando-a para si. Toca com os lábios a lateral da colher, sem colocá-la inteiramente na boca. Evita aspirar ruidosamente o caldo.
Ao cortar, deve-se fazer com a faca um movimento de vai e vem e não forçar o corte vertical, para que a faca não colida ruidosamente com o fundo do prato.
Conheça agora as duas formas vigentes de regras de etiqueta à mesa:
a)      Etiqueta à mesa americana
As regras americanas são as mais modernas e, também, mais usadas.
O garfo é usado na mão direita, enquanto a faca descança na parte superior do prato, com a serra voltada para dentro. Na hora de usar a faca, troca-se de mão: o garfo vai para a mão esquerda e a faca é usada com a mão direita. Após isso, volta-se para a posição inicial: faca descansando, garfo na mão direita.
Na hora de descansar os talheres no prato, a faca fica na parte superior e o garfo pode ficar tanto na direita, quanto na esquerda (depende apenas se você é canhoto ou destro). Os dentes podem ficar virados para cima.
b)      Etiqueta à mesa europeia
O estilo europeu de etiqueta é o mais sóbrio e tradicional.
Nele, durante todo o tempo o garfo fica na mão esquerda e a faca na mão direita. O garfo é sempre usado com os dentes para baixo. No modo europeu é permitido usar a faca para colocar a comida no garfo, porém, somente apenas na parte traseira dele.
Para descansar os talheres no prato, o garfo fica do lado esquerdo e a faca do lado direito, podendo tocar-se ou não.

7.      Durante a refeição
A forma como uma pessoa se comporta à mesa é um teste infalível às suas boas maneiras. Seja seguindo um estilo ou outro, algumas regras são universais, por isso quando se sentar à mesa, leve em linha de conta as indicações que seguem: Ao fim da refeição o guardanapo deve ser colocado do lado direito do prato (antes do uso ele se achava à esquerda) dobrado casualmente e não caprichosamente, como se fosse para novo uso;
ü  O primeiro gesto, depois de sentar-se à mesa é tomar o guardanapo e estendê-lo no colo, de uma perna à outra;
ü  Não se inclina nem se gira o prato, procurando posição para comer ou para se servir;
ü  Comece a usar os talheres de fora para dentro;
ü  O prato deve ser mantido na posição em que é colocado diante do comensal, apenas as taças podem ser movidas;
ü  Não se inclina o prato de sopa para tomar o que resta;
ü  Não se mistura a comida do prato, recolhe-se com o garfo porções dos vários ingredientes, sem misturá-los previamente;
ü  Não fale com a boca cheia. Mas pode ir comendo enquanto falam consigo;
ü  E, por favor, mastigue com a boca fechada e não mastigar ruidosamente;
ü  De forma alguma gesticule com os talheres em mãos. Sempre que for a falar, coloque-os apoiados no prato;
ü  À mesa, procura-se conversar tanto com o seu vizinho da esquerda quanto da direita e com os convivas à sua frente;
ü  Não falar alto nem com entusiasmo ou optimismo excessivos;
ü  Não se faz comentário negativo sobre a comida ou o vinho servidos, nem comparações desfavoráveis entre o que é servido e o que se saboreou em outras ocasiões, mesmo que à mesma mesa;
ü  As facas de carne são utilizadas apenas para carnes vermelhas e aves. Os peixes têm a sua faca própria, que normalmente é usada apenas para afastar peles e espinhas que possam aparecer. Omeletes, legumes e outros alimentos devem ser cortados com o garfo;
ü  Massas como esparguetes e talharins não devem ser cortados. Enrole alguns poucos fios no garfo e leve à boca;
ü  Na hora de tomar uma sopa, leve a colher à boca pela lateral. Incline-se um pouco para frente e evite que gotas caiam sobre a sua roupa;
ü  Ao utilizar a faca e o garfo para cortar, mantenha os cotovelos junto ao corpo para evitar tocar o vizinho de mesa;
ü  A pessoa deve manter os talheres na mão: garçons inexperientes costumam retirar o prato de quem descansa os talheres enquanto fala;
ü  Não ponha os cotovelos sobre a mesa. É aceitável, apenas, que coloque as mãos e os punhos sobre a mesa;
ü  O pão não é posto no prato de comer, ele é colocado no pratinho de pão, se houver, ou directamente sobre o forro da mesa;
ü  O pão é partido e levado à boca com as mãos, não se corta o pão com a faca;
ü  Quando tiver que passar alguma coisa a alguém, faça-o pela direita;
ü  Evita-se o mais possível tossir ou assoar o nariz estando-se à mesa. Se tiver absolutamente de-se assoar, faça-o numa direcção em que não haja nenhuma pessoa ou então desculpe-se e vá assoar-se num local afastado;
ü  Não é de bom tom recusar o que é servido, mesmo que se trate de um alimento de que não goste. Deixe que o sirvam ou sirva-se em pouca quantidade, coma algumas colheradas ou garfadas e pouse os talheres com naturalidade, continuando a participar na conversa;
ü  Se encontrar na comida alguma coisa que não devesse lá estar (um cabelo, por exemplo), use da maior diplomacia. Se estiver num restaurante, pode pedir ao empregado, discretamente, que lhe substitua o prato. E pode sempre, optar por pausar os talheres e não comer mais. É preciso fazer isso a criar uma situação embaraçosa;
ü  Nunca palite os dentes à mesa. Se tiver absolutamente de o fazer, desculpe-se, levante-se faça-o nos lavabos;
ü  Mantém-se os lábios limpos, usando com frequência o guardanapo, principalmente antes de levar aos lábios uma xícara ou um copo, para não deixar marcas em suas bordas;
ü  Não se toca nos cabelos, ou se faz qualquer retoque de maquiagem à mesa, ainda que a refeição esteja terminada;
ü  Depois de serem colocados em uso, os talheres não devem mais ser encostados na mesa, apenas apoiados dentro do prato conforme o estilo de etiqueta a ser usado (europeu ou americano);
ü  Para sinalizar ao garçom que você está satisfeito, coloque o garfo e a faca alinhados no prato, sendo o garfo ao lado esquerdo ou abaixo da faca.
ü  Os talheres que não forem usados continuam na mesa intocados;
ü  Para levantar-se da mesa antes do anfitrião, é necessário se desculpar, sem necessidade de dizer, por exemplo, que necessita ir ao banheiro.


8.      Remoção de resíduos
Está obviamente despreparada para comer em companhia de pessoas aquela que mete o dedo na boca para limpar entre os dentes com a unha, limpa o nariz no guardanapo ou a boca no forro da mesa, e comete outras imprudências repulsivas à mesa.
Não se pega indiscriminadamente com os dedos nem se cospe no guardanapo partes não comestíveis do que foi levado à boca. A regra geral é: do mesmo modo que se levou um alimento à boca, é retirada da boca qualquer sobra dele que seja necessário remover.
Se uma fruta é comida com as mãos, sem uso de talher, então o caroço dessa fruta, ou qualquer parte indesejável que tenha que ser retirada da boca, será apanhada com os dedos.
O que se leva à boca com um garfo (por exemplo, a carne), retira-se (por exemplo, um pedaço de nervo ou de cartilagem) passando da boca ao garfo e deste a um canto do prato; se há o que retirar da boca que foi levado com a colher, retira-se passando para a colher. Em qualquer desses casos busca-se proteger o gesto fazendo-se concha com a outra mão. A espinha de peixe é uma excepção:  pode ser apanhada entre os lábios com a mão. O caroço, a cartilagem, casca, etc., retirados da boca são deixados em um canto do prato em que se come, e não no pratinho de pão.
Em caso de necessitar remover algo preso aos dentes, espere a oportunidade de ir até o banheiro para cuidar disso. Não se palita os dentes à mesa, nem se sai do restaurante com um palito nos lábios.

9.      Vestimenta e outros objectos
A roupa que a pessoa está usando deve ser apropriada para o evento de que participa. Nunca se usa boné, chapeu ou camiseta sem mangas à mesa de refeição.
Mesmo em um quiosque ou na praia a pessoa que tem um mínimo de consideração com seus amigos coloca uma blusa ou camisa leve para uma refeição à mesa. O mesmo vale para a refeição com a família, no recesso do lar.
O comensal nunca deve colocar o talher que usa, ou que usou, sobre a toalha da mesa. Não coloca sobre a mesa seu telefone celular ou sua agenda, chaves, etc. E os telefones celulares devem ser desligados e religados somente após a pessoa deixar a mesa.
Nunca uses luvas à mesa, salvo por alguma razão particular especial.

10.  Deixar a mesa
Ao final da refeição, aguarda-se que o anfitrião ou a anfitriã convide para deixar a mesa. Ele poderá fazê-lo convidando para o café e licores no mesmo local onde recebeu os convidados e de onde eles deverão se dispedir e partir: a sala de estar.
O convidado pode agradecer ao garçom quando é servido, mas não pode fazer qualquer observação, nem mesmo elogiosa, directamente a ele, ou lhe agradecer pela comida saborosa, porque isto é desconsideração para com o anfitrião. Tudo de prazeiroso no encontro o convidado deve primeiro agradecer a quem o convidou.
Não se pede para levar consigo um pouco do que sobrou de um jantar ou almoço, ou um pratinho de doces, ou pedaço de bolo. Este comportamento mostra necessidade económica e, embora a comparação possa parecer muito rude, é um papel de esmoler.
As sobras de uma festa, para que não haja desperdício, a anfitriã pode oferecer apenas a parentes ou convidados íntimos, que sejam dos últimos a sair. São os mesmos que ela poderia convidar para uma refeição no dia seguinte, com a mesma finalidade.

Após participar de um jantar ou festa a que foi convidado, sempre envie no dia seguinte uma mensagem de agradecimento ou telefone para comentar e cumprimentar a anfitriã pelo que você puder elogiar do evento.